Úmaro Sissoco faz duras críticas a João Lourenço e considera Angola o país mais violento de África - AngoVip
Úmaro Sissoco Embaló, declarado vencedor das eleições presidenciais pela Comissão Nacional das Eleições (CNE), criticou duramente a intervenção do Chefe de Estado angolano, João Lourenço nos assuntos internos da Guiné-Bissau e considera a Angola como o país mais violento da África. Embaló fez estas críticas na sua declaração aos jornalistas no aeroporto internacional Osvaldo Vieira, de regresso de uma visita do Estado ao Senegal ao Níger e à Nigéria.
Sissoco lamentou o comportamento dos dirigentes angolanos e contudo disse não ter ficado surpreendido com as atitudes dos governantes angolanos.
“Imaginem, eu Úmaro Sissoco Embaló, mandar prender o filho de José Mário Vaz ou qualquer membro da sua família. Eu não sou ingrato… mas o meu homólogo angolano está a perseguir a pessoa que lhe entregou o poder de uma forma gratuita. Eu fui eleito pelo povo guineense. Ao João Lourenço foi dado o poder de “bandeja” pelo Presidente José Eduardo Santo, um homem que lutou pela paz em Angola e que merece respeito!”, referiu.
Assegurou ainda que não tem moral para perseguir o filho de JOMAV, porque “eu não sou ingrato. O cão não morde a mão que o alimenta, portanto lamento ouvir críticas a partir de Angola sobre os problemas da Guiné-Bissau. O país mais violento no século XX e XXI é a Angola”.
Embaló lembrou que a Guiné-Bissau esteve do lado do povo angolano na sua luta pela paz, tendo frisado que os guineenses não são violentos. Acrescentou neste particular que não faz parte de pessoas que vão ajoelhar-se em Angola.
“A Guiné-Bissau é um país que já se ergueu e a caminhar-se. Vou encontrar-me com o meu amigo angolano no fórum próprio e dir-lhe-ei que não podia ter essa conduta. Ele deve pôr a mão na consciência e lembrar que o Presidente José Eduardo dos Santos lhe deu tudo (…) Lamento o seu comportamento. Se Angola tem dinheiro é para o seu povo. Se tem petróleo é para o seu povo, não para o povo guineense”, enfatizou.
Sobre a entrevista do líder do PAIGC e candidato declarado derrotado nas presidenciais à Rádio Vaticano, o chefe de Estado qualifica-o de “infantil” e promete não responder a um “mau perdedor”.
“Falei com as Nações Unidas sobre o levantamento de sanções aos militares, mas ele (Simão Pereira) diz que as sanções devem ser mantidas contra os balantas, para mostrar aos balantas o seu lugar. Hoje são os fulas e amanhã vai atingir os mandingas! Será que essa pessoa pode dirigir o país!? Precisamos de um Chefe de Estado que promova a concórdia nacional e que não fale em etnias”, notou para de seguida, informar que o Secretário-geral da ONU, António Guterres, vai visitar o Níger e encontrar-se com o Presidente em exercício da Conferência de Chefes de Estado e do Governo da CEDEAO, Mahamadou Issoufou.
Embaló exortou o executivo que deve procurar meios para pagar todas as dívidas do país junto às organizações sub-regionais, e internacionais a fim de permitir que as autoridades nacionais possam ter voz nas reuniões das referidas organizações, porque “não há Estado pequeno”.
“Quando tomamos a decisão de negar a vinda dos magistrados de outros países para virem dar lição aos nossos magistrados, eu tinha a consciência que isso iria beneficiar-me, mas como primeiro magistrado da nação não posso permitir isso, não obstante daquilo que passou no Supremo Tribunal de Justiça. Um comportamento irresponsável e que podia levar-nos à guerra civil, mas não podemos admitir que os antigos presidentes do Supremo Tribunal de outros países venham dizer aos nossos juízes que aquilo que fizeram não é normal. Eu posso perder o poder, mas não posso admitir essa humilhação”, notou.
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